quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Recuperando a consciência

Sempre gostei de política. Mesmo vindo de família humilde, fui incentivado por meus pais a me preocupar com os assuntos relativos à organização social de homens e mulheres na busca por melhores condições de reprodução de suas vidas.
Durante o tempo de universidade conheci e concordei com o pensamento de Hannah Arendent, que define a política como a arte de trazer a liberdade à humanidade. Essas idéias geraram em mim um grande encantamento.
Ainda sobre o tempo de faculdade sempre ouvi chacotas de algumas pessoas devido à minha posição religiosa, já que sou católico praticante e atuo na Renovação Carismática Católica. Diziam que eu fazia parte de um grupo de pessoas destituído de preocupação com as causas sociais. Diziam que enquanto estávamos com as mãos erguidas, louvando a Deus, pessoas passavam fome e isso era tremendamente injusto.
Era muito triste para mim, saber que a atitude de muitos dos meus companheiros de Igreja os levava a ter razão. Ficava impressionado com o descaso que muitos tinham em relação a assuntos relativos à vida política.
Porém, essa eleição tem gerado uma mudança na atitude de muitos. A possibilidade de aprovação do aborto fez com que vários daqueles que se enojavam em comentar política passassem a buscar um maior conhecimento para qualificar sua argumentação.
Quem bom que isso aconteceu! Só sinto pesar porque demorou muito. Talvez o Brasil fosse diferente se tivessem “cutucado” nossa fé antes, se nos tivessem levado a pensar que em um país democrático a participação é essencial para não vermos nossas concepções sendo surradas por aqueles que não concordam com elas.
Essa questão do aborto é apenas a “ponta do iceberg”. Existe uma cultura de morte por trás da bandeiras da quase totalidade dos partidos políticos e infelizmente, hoje lutamos contra os efeitos de algo que não foi combatido por nós na causa. Por esse distanciamento que muitas vezes nos caracterizou, hoje temos que escolher entre um mal menor, ou seja, José Serra como Presidente da República, já que Dilma Roussef seria muito pior para nós.
Quem sabe toda essa mobilização não nos leve a desejar um dia ver um católico de verdade governando nosso país, pois estes que estão aí não o são. Só não se esqueça: é preciso participar.

Estevan Coca

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